A coisa não-deus

Alexandre Soares Silva

Roberto Vargas Jr.
2 min readMar 4, 2021

Confesso que comecei a ler o livro sem saber o que esperar. E o vício teológico me fez até temer alguma coisa neste sentido por conta do título. Mas foi muito mais interessante que eu esperava, neste mesmo sentido.

Não que não haja o que se possa "parar para pensar". E sim que é uma leitura leve, agradável e divertida. Extremamente divertida. O melhor de Lord ASS seguramente é seu humor.

E há algo que o redime, de certa forma, em relação a alguns outros autores brasileiros hodiernos com quem tive contato (não foram muitos, confesso, e, na verdade, ambas as coisas valem não só aos hodiernos). Pois há uma tendência nestes por digressões filosóficas extremamente forçadas e — arre! — uma tendência ainda pior de encher o texto de referências a outras obras e expressões em outras línguas.

Note bem, digressões filosóficas podem ser interessantes, mas apenas se soarem algo coloquiais e naturais. E o excesso de citações e termos em outras línguas só parecem um apelo do autor por ser considerado erudito. Tudo pretensioso demais.

Enfim, como eu disse, não é que não haja o que se possa “parar para pensar”. E, além disso, não faltam referências a outras obras e expressões em outras línguas. Só que quase tudo soa como troça.

Para ser sincero, gostei de tudo, mas este ar zombeteiro foi o que mais gostei. Divertidíssimo!

SILVA, Alexandre Soares. A coisa não-deus. Rio de Janeiro: Record, 2015.

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